sábado, 3 de junho de 2017

MICROCELULARES SÃO COMUNS EM PRESÍDIOS DE SP e RJ e MG... TODOS OS ESTADOS!!!

MICROCELULARES SÃO COMUNS EM PRESÍDIOS DE SP e RJ e MG.... TODOS ESTADOS!!!

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SÃO PAULO - Um aparelho de plástico com apenas 6 centímetros, quase do tamanho de uma tampa de caneta, aparece cada vez mais em apreensões feitas em unidades prisionais de São Paulo. Apesar de não haver números oficiais sobre a apreensão desse tipo de aparelho, agentes penitenciários chegam a mencionar anonimamente, na internet, a entrada de 30 microcelulares por fim de semana em uma das 160 unidades prisionais paulistas. Na internet, esses microcelulares, produzidos na China e trazidos ilegalmente para o país, custam cerca de R$ 300 e podem ser comprados livremente. Os visitantes dos presos levam os aparelhos dentro do corpo. Além da apreensão de microcelulares, os agentes de São Paulo também registram tentativas de entregas a presos de dezenas de celulares comuns a cada fim de semana.

 Agentes de um Centro de Progressão Penitenciária (CPP) em Tremembé, por exemplo, chegaram a apreender mochilas carregadas com 152 celulares e 115 carregadores, em junho do ano passado. Os aparelhos estavam com dois homens que pularam o muro do presídio, cortaram o alambrado e chegaram à parte interna da unidade, onde ficam os presos do regime semiaberto. Uma mulher foi flagrada na véspera de Natal tentando entrar com o aparelho escondido na genitália em um Centro de Detenção Provisória São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. A foto divulgada pelo órgão mostra que o aparelho, que a visitante queria entregar ao marido preso, é menor que um isqueiro descartável.

 MICROCELULARES ESTÃO PROIBIDOS

 Os microcelulares são aparelhos compostos por 99% de plástico, que cabem na palma da mão e só fazem ligações e recebem SMS. Os telefones estão tomando as prisões do Brasil porque passam despercebidos pelos detectores de metal. Esses aparelhos são fabricados na China e são semelhantes a pequenos brinquedos. Mesmo sem homolagação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), os microcelulares eram vendidos em sites de compra por um preço médio de R$ 230, sendo possível encontrar dispositivos ainda mais simples por cerca de R$ 70. Microcelulares com 6 centímetros de altura dominam presídios brasileiros. No entanto, a Anatel proibiu as vendas desses dispositivos, e ordenou que o site Mercado Livre, retirasse imediatamente os microcelulares de suas páginas. Esses tipos de aparelhos são considerados dumbphones, pois não possuem características de um celular inteligente. São os chamados microcelulares. Eles representam verdadeiros inimigos quase " invisíveis" aos olhos da polícia. Estes aparelhos são fabricados na China, por isso não podem ser rastreados, pois não possuem registro na ANATEL.
 
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(Foto: Divulgação/Long-CZ)

Na penitenciária de Presidente Bernardes, também no interior de São Paulo, foram foram encontrados dois desses aparelhos celulares e fones de ouvidos escondidos no corpo de três visitantes. De acordo com os números da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, as apreensões de celulares tiveram queda de 16,5% no primeiro semestre do ano passado, comparado ao mesmo período de 2015. Foram 7.302 casos contra 6.091 ocorrências no ano passado nos regimes fechado e semiaberto.

'INVISÍVEL', MICROCELULAR DE 6 CENTÍMETROS

O sistema penitenciário paulista está em alerta devido à invasão, detectada em diferentes unidades do Estado, de um inimigo quase "invisível": os microcelulares. São aparelhos com cerca de seis centímetros de altura, semelhantes a um controle remoto de portão automático de prédio residencial, leves como uma caneta. Como comparação, a altura de um iPhone 6 varia entre 13,8 cm e 15,8 cm, dependendo do modelo. A estrutura de plástico dos microcelulares dá a eles imunidade aos detectores de metais existentes nas prisões –um dos principais instrumentos de combate à entrada de material ilícito, incluindo armas e celulares. O governo decidiu alertar as penitenciárias para buscar estratégias contra a invasão desses aparelhos após a apreensão de dezenas de unidades nos últimos dois meses. Os modelos, contrabandeados da China, não têm inscrição de fabricante nem são achados em lojas comuns.

 O uso de celulares nos presídios é um dos principais instrumentos de articulação de facções criminosas para controlar seus integrantes e manter a influência fora da cadeia. A série de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em 2006 foi comandada de dentro das penitenciárias. "Quem detém a comunicação, informação, detém poder", afirma Adriana de Melo Nunes Martorelli, presidente da comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil. O número de apreensões dos diversos tipos de celular em presídios paulistas dá a dimensão de como se trata de um produto cobiçado. Somente no primeiro semestre deste ano, foram mais de 7.300 aparelhos apreendidos por agentes nas mais de 160 unidades prisionais de São Paulo –incluindo unidades do regime fechado e semiaberto (de ambos os sexos).

 A importância que os presos dão ao "produto" motiva estratégias tanto para burlar a fiscalização (caso dos microcelulares) como para corrompê-la. Conforme mostrou a Folha neste mês, há um comércio de celulares nas prisões. Quanto mais difícil o acesso, mais caro fica o aparelho. Em linhas gerais, funcionários e prestadores de serviço são submetidos a revistas manuais para entrar nas penitenciárias. Mas, pelo regimento interno, isso não é permitido com advogados a trabalho. Dessa forma, a única checagem desse profissional é pelo detector de metal. "Não apitou, pode entrar", diz Adriana Martorelli, da OAB. Embora, em geral, os advogados não tenham acesso direto ao preso (ambos são separados por vidro ou telas), todo preso atendido por seu defensor deve ser revistado. As vistorias atingem também as comidas e correspondências recebidas por presos.
Para a presidente da comissão da OAB, combater a entrada de celulares é tão importante quanto impedir armas e drogas nas prisões. Além do controle de entrada dos aparelhos, outra estratégia discutida há mais de uma década é bloquear seu funcionamento nos presídios. A implantação de bloqueadores de celulares foi prometida pelo governo no Estado inteiro no início dos anos 2000, mas isso não aconteceu. Em 2011, por exemplo, segundo interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, presos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, interior de SP, ficaram mais de nove horas e meia em ligação de forma ininterrupta. O teor das conversas envolvia a distribuição de maconha e cocaína pelo país. O Estado atribui problemas de tecnologia para a maioria dos presídios continuar sem os bloqueadores –que podem atrapalhar a vizinhança.